terça-feira, 15 de abril de 2008

Amanheceu um novo dia




Amanheceu um novo dia,
O sol que reluz em meus olhos
Me cega bruscamente
E traduz o que sinto,
Essa melancolia dos homens
É a falta que a verdade lhes faz,
É o ápice de seu egocentrismo,
É o seu nojo ao que é lindo,
O reflexo não é mais opaco,
É simples, forte, sublime,
Como a rosa atrevida
Que fere o dedo do invasor,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto o carro passa,
Enquanto os homens passam.

E salta de minh'alma a cor lilás;
E salta de meu corpo o afago;
E salta de minhas mãos a adaga;
E salta de mim um coração.

Amanheceu um novo dia,
Meu espírito está à espera
Das promessas vãs
Distribuídas em bombons,
Esse sangue derradeiro
É o motor do que resiste,
É o meio que transcende
A importância do efeito,
Nossas crianças festejam,
Denotam nossa clara evolução,
Eu vou morar num condomínio
E traficar gás de cozinha,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto a guerra passa,
Enquanto as armas passam.

E salta de minh'alma a cor lilás;
E salta de meu corpo o afago;
E salta de minhas mãos a adaga;
E salta de mim um coração.

Amanheceu um novo dia,
Meus braços estão exaustos,
Meu sangue preto como a graxa
Que deixa meu sapato branco,
Essa paralisia sistêmica
É suave, romântica, extrema,
É a motivação do lirismo
Cansado e morto de amor,
Eu faço sexo e fumo,
Eu trabalho e faço sexo,
Eu fumo e trabalho,
De vez em quando eu até sonho,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto a vida passa,
Enquanto os passos passam.

E salta de minh'alma a cor lilás;
E salta de meu corpo o afago;
E salta de minhas mãos a adaga;
E salta de mim um coração.

Amanheceu um novo dia,
Minha camisa está molhada
Com meu suor mal retratado,
Com minhas lágrimas profanas,
Esse ideal perdido
É coisa de gente estranha,
É maltrapilho, mutilado,
É agora ideal achado,
Meu coração não quer mais saber
Do desânimo dessa gente,
Agora ele está inerte,
Sendo levado à perfeição,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto a luta passa,
Enquanto os sonhos passam,

E salta de minh'alma uma cor lilás;
E salta de meu corpo um afago;
E salta de minhas mãos uma adaga;
E salta de mim o coração.

Amanheceu um novo dia,
Flerto com seus raios...

Enquanto eu passo!!!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Cadê???


No palco escuro de um teatro a céu aberto
Relembro a velha gramática da vida,
Normas cultas, imperativos tristes,
Carências mórbidas e mórbidos palpites.
Somos todos a mesmíssima coisa,
Cabeça, tronco, membros e panos,
Andando por aí com toda a pompa possível,
Morrendo por aí de qualquer forma plausível.
Meus olhos cansados espreitam com calma
Os filhos bastardos procurando o pai,
Os capitães do mato chicoteando lombos,
Meu navio chegando com seus vários colombos.
Mas, no fim das contas tudo vai embora,
É como um ciclo que se repete,
É como a faca que me apetece,
É como aquilo que não acontece.

O que é a vida afinal,
Se não o maior de todos os improvisos???
Uma sucessão de vícios,
Um acumulo de caprichos???
E assim descubro que não sei quem sou,
Meu capricho é o amor, meu vício é afasta-lo.
E meu improviso!!!
Cadê???