domingo, 30 de março de 2008

Flowers of Romance



"Now in the summer
I could be happy or in distress
Depending on the company
On the veranda
Talk of the future or reminisce
Behind the dialogue
We're in a mess
Whatever
I intended
I sent you flowers
You wanted chocolates instead
The flowers of romance
The flowers of romance


I've got binoculars
On top of boxhill
I could be Nero
Fly the eagle
Start all over again
I can't depend onthese so-called friends
It's a pity you need to bend
I'll take the furniture
Start all over again!!!"


(Public Image Ltd.)

José

"E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde???"


(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 25 de março de 2008

Valha-me (e do ato eu sou)


É tanto grito contido,
Tanto gesto corrompido
Nesta natureza morta.
Este Estado falido
Vive treinando o ouvido
pra escutar atráz da porta.
Já é tanto livro lido,
Tanto texto redigido,
Vejam que menina torta,
Não vai arranjar marido,
Vai viver de comprimido,
Ser enterrada numa horta.

Valha-me deus
Valha-me deus

Lido foi o relato,
O mais puro retrato
De uma sociedade morta,
A notícia de maltrato,
O "glamour" do seu sapato,
A inteligência de uma porta.
A prisão por desacato,
Comprovação, de fato,
De uma sociedade torta.
Está reunido o aparato
Pra consumação do ato
De edificar a sua horta.

Valha-me deus
Valha-me homem

A luta árdua de um plebeu
Reivindicando o que é seu
Até que a vida esteja morta
É como subir ao coliseu,
Beijar a boca de Romeu
E ir correndo até a porta.
A esperança adoeceu,
Fraquejou, quase morreu,
Acabou ficando torta,
Mas se percebo quem sou eu,
Filho pagão de um deus hebreu,
Pego os minérios de minha horta.

Valha-me homem
Valha-me deus

O homem , terno recusou
Endiabrado, te acusou
De deixar a luta morta,
O mundo inteiro então dosou
O que a menina então usou
Como sendo uma outra porta,
E a menina abusou,
Feriu e arrasou
Esta humanidade torta,
E ela disse então "eu sou
A única que ousou
Ser parte da própria horta".

ido-ato-eu-sou
e do ato eu sou

Valha-me homem
Valha-me homem!!!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Saudades!!!

Mas é tão simples,
A lágrima que escorreu hoje já não me incomoda,
Peço desculpas à lua

E a esse mar de gente que navega lá fora.
Meu teto tem as cores do céu,
Minhas paredes tem as cores das árvores
E formam um belíssimo quadro
Pintado pelos dedos de um deus pagão.
Sei que há a água da chuva
Também sei que há o riso dos ventos,
Contesto o sopro leve da vida
Sendo tão anticonvencional.
Me jogo do alto de algo invisível,
Me sinto livre ao voar pelas nuvens,
A risada de alguém bem mais belo
Também me faz sorrir.
Eu queria que o mar soubesse
Que penso nele a cada instante
E sinto ele a cada instante
E nele faço casa, faço civilização.
E agora que não tenho mais nada
Sigo a simples trilha de sonhos perdidos
Até achar um abrigo bem quente
Dentro do peito de um passarinho,
Dentro dos beijos de um amor,
Dentro das palavras de um amigo.
Enfim,
Bem lá no fundo, perdido,
Encontro agora um pouco de mim!!!

poema escrito há um tempinho e achado agora, perdido... queria me achar tbm e lendo esse poema surge a pergunta... onde foi que me perdi???
saudades de mim!!!

...

Como é bom ouvir sua voz
Como é bom saber que você está bem
Toda noite lembro de ti
Não consigo dormir e choro de forma compulsiva e disfarçada
Quisera eu ter metade de tua força
Metade de tua capacidade afetiva
Quisera eu conseguir demonstrar tudo que sinto por você
Eu te amo!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito!!!


perdoem a aparente falta de nexo...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Diante do Escuro



Quando meus olhos se prostraram diante do escuro
Pude ver como é nítida tua imagem,
Pude ver como são escuras suas lágrimas
E perceber como é triste sua deselegância.
Eu não consigo mais me achar,
Dar socos na parede não levam a nada,
E de repente lembrar, angustiado,
Como é triste a solidão.
As fábricas fazem tanto barulho,
A sociedade reza a missa de segunda a sexta
E eu ainda me emociono ao comparar
O laço da gravata com a roupa xadrez.
Ah, se todos os homens chorassem,
Ah, se todos os homens lutassem,
Mas eles não choram,
Mas eles não lutam.
Eles reclamam das vestes
E satirizam como se tivesse alguma graça,
Esperam que o decote da vedete caia
Pra depois reclamar da nudez...

Quando meus olhos se prostraram diante de ti
Pude ver como são nítidas suas lágrimas,
Pude ver como é escura sua deselegância
E perceber como é triste me achar.
Eu não consigo não levar a nada,
Dar socos na parede, angustiado,
De repente lembrar da solidão
E como é triste tanto barulho.
As fábricas com suas missas de segunda a sexta,
A sociedade reza ao comparar
E eu ainda me emociono com a roupa xadrez,
Enquanto o laço da gravata chora.
Ah, se todos os homens lutassem,
Ah, se todos os homens chorassem,
Mas eles não lutam,
Mas eles não vestem.
Eles reclamam como se tivesse alguma graça
E satirizam o decote caído da vedete,
Esperam que vire nudez
Pra depois reclamar do escuro...

Quando meus olhos se prostraram diante do escuro,
Quando meus olhos se prostraram diante de ti,
Quando meus olhos se prostraram diante de mim,
Eles não conseguiram fitar mais nada!!!