quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Os Despetaladores


Um dia um menino,
Um doce menino de olhos calmos,
Castanhos cor de morte,
Com a elegância vivaz de um sedutor,
Veio ter com o mar,
Que lhe respondia com a voz d’uma sereia,
Lhe tocava pela matéria das estrelas,
Que eram tanto do mar quanto o mar era do menino.
E se comunicando por meio de sonhos
Tiveram um diálogo infinito,
Vazio de adjetivos, cheio de substantivos,
E o menino agora era um vaso de flores.
E choram os leões,
Maldizem a vida os plebeus,
Se dizem desgraçados os burgueses,
Mas todos arrancam as pétalas do pobre menino.
O menino, cansado.
Se vê obrigado a guerrear,
Lutar para manter suas cores
E como novas flores, cultiva seus espinhos.
Os padres verborragizam,
Os senadores desmoralizam,
Os maçaricos incendeiam
As pétalas do pobre bastardinho,
Agora órfão de mar,
Agora órfão de mundo,
O menino se angustia,
A angústia de um delator prestes a ser decapitado,
Mas por que diabos o menino tinha que delatar os homens???
Por que diabos tinha que ir contar tudo pro mar???
Era então o culpado pelas naus viradas,
Era o anti-cristo marítimo.
Mas agora ele estava seguro,
Com seus espinhos e seus acordes,
Ficando longe da poesia, distante dos arlequins,
Seus espinhos o deixavam mais rígido.
Mas o órfão não conseguia mais enxergar sua mãe,
Era agora também,
Desprovido do som das sereias,
Desprovido da matéria das estrelas.
E todos o condenavam
E o maltratavam,
E quanto mais machucado,
Mais o mendigo se protegia,
O menino havia crescido,
Sem matéria e sem amor,
Suas proteções, deveras eficazes,
Não o protegeram do que ele mais temia
E quando se deu conta, ou não deu conta,
Não era mais flor, não era mais menino,
Não havia mais mar, não havia mais sonhos,
Só havia, agora, um mendigo de olhos castanhos!!!



ps: talvez o autor esteja de volta, talvez não, peço, por gentileza, para quem tiver tempo, que diga oq achou do texto, grato pela paciência...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

...

este blog está, oficialmente, morto!!!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sem Pensar

("Par de Botas", Vicent Van Gogh)

Escrevo agora sem pensar
E penso que nada me é mais importante,
Além daquilo que possuo agora,
Além do lugar onde eu estou.
Eu, apóstata do saber
Não pretendo caeiriar,
Apenas sou agora capaz de compreender
O mal que a racionalidade nos faz.
Sou, de fato, um homem que ama,
Não uma mulher, ou um homem,
Mas amo amar, um amor assim, infantil,
E amo, sem nenhuma vergonha de beijar!!!
Quero, de fato, resistir ao mundo,
Quero, só quero, e não quero pensar se posso,
Por que amo querer,
E quero, sem nenhuma vergonha de lutar!!!

Procuro meio que sem saber
O que quero encontrar no final,
A morte já não é mais o vilão
Não há mais vilão, não há mais mal.
Eu, que sempre me fiz de pedra
Me faço agora poeta,
Quero beijar a lua, lamber o mel
E saborear tudo que tudo pode trazer.
Sou, de fato, um homem que sonha,
Não um sonho de uma noite, assim, banal,
Mas sonho com a sutileza de uma criança,
E sonho, sem nenhuma vergonha de criar!!!
Sinto, de fato, tudo que me é proposto,
Sinto, só sinto, e sinto que não há nada demais,
Por que amo sentir,
E sinto, sem nenhuma vergonha de escrever!!!

Escrevo agora sem pensar

E penso que nada me é mais importante...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Pensando em Coisas


Pensei em lhe escrever,
Fazer poesia de labaredas,
Incendiar o mundo em palavras,
Fazer fumaça do que não era nada.
Pensei em lhe decantar
E depois encantar as águas,
Lavar a alma do povo,
Sairmos cantando, em coro:
“Somos um povo novo,
Um povo que anda nu e cospe no linho,
Que se desespera, chora, reclama e protesta,
Que faz das casas a morada de todos os homens,
Um povo de artistas, intelectuais e metalúrgicos,
Um povo de gente...”

Pensei em fugir contigo,
Ser um pouco mais banal,
Nos divertirmos nas costas dos ricos,
Fazermos à moda “robin wood”.
Pensei em aviões de papel,
Fazer milhares, assim, sem motivo,
Pescar pneus velhos
E lhe cantar meu coração:
“Eu sou um homem novo,
Reflexo fiel e náufrago de um povo,
Eu me desespero, choro, reclamo e protesto,
Faço de meu corpo, seu alento mais fiel,
Brinco de artista, intelectual e sonhador,
Ainda não sei quem sou...”

Pensei em lhe seguir,
Distribuir mel pelo mundo,
Sentir o calor dos homens
E o frio de seus amores.
Pensei em lhe amar,
Até perceber que não sei o que quero,
Penso em muitas coisas,
Mas admito que o faço
Pelo simples prazer de pensar!!!

Guernica


"Gritos de crianças,
Gritos de mulheres,
Gritos dos pássaros,
Gritos das flores,
Gritos das árvores e das pedras,
Gritos dos tijolos,
Dos móveis,
Das camas,
Das cadeiras,
Dos cortinados,
Das panelas,
Dos gatos e do papel,
Gritos dos cheiros,
Que se propagam uns após outros,
Gritos do fumo,
Que pica nos ombros,
Gritos,
Que cozem na grande caldeira,
E da chuva de pássaros
Que inundam!!!"


(Pablo Picasso)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quero


E de repente,
No meio do nada anoitece,
Os homens se entreolham
E estranham o noturno meio-dia.
E há um cheiro forte,
Como a força de um coração destronado,
Como as águas que banham as pedras,
E é um cheiro de hálito queimado
Numa viagem de inúmeras medéias.
A culpa é de quem renunciou à arte
Para viver uma vida cerebral,
A culpa é de quem vê vida
Na morte do trabalho braçal.
Mas chega de rimas!!!
Elas não conseguem mostrar
Meu desanimo frente chaminés fumegantes,
Meu coração ao ver amores distantes.

Ah, lirismo maldito,
Quando foi que me tornei um poeta tão sentimental???
Misturo os assuntos como se fossem um só...
Quero respirar,
Quero lutar,
Quero amar,
Quero voar.
Pois,
Demasiado curta é a vida!!!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Chanson D'Automne

"Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte!!!"



Tradução...


"Os longos sons
Dos violões,
Pelo outono,
Me enchem de dor
E de um languor
De abandono.

E choro, quando
Ouço, ofegando
Bater a hora,
Lembrando os dias
E as alegrias
E ais de outrora.

E vou-me ao vento
Que, num tormento,
Me transporta
De cá pra lá,
Como faz à
Folha morta!!!"


(Paul Verlaine)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Hino Nacional



Ouviram do ipiranga às margens cálidas
De um rei farreiro o brado canetante,
E o sol da Liberdade em raios fugiu
E brilhou no céu da pátria, encinerante.

Se o penhor dessa maldade
Foi deixar-nos à deriva à prol da sorte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Nunca existiu, “ó deus do céu”, dai-nos a morte.

Ó pátria,
Ó pátria,
Nos salve...
Brasil, um sonho eterno, um raio tímido,
De horror e de ilusão à terra desce,
Se em teu fogoso céu queimado e rígido
À imagem do cruzeiro se entristece.

Amante da já póstuma beleza,
És oco, és triste, impávido mal gosto,
E o teu futuro espelha com destreza.

Terra explorada,
Entre outras mil,
És tu, brasil,
Ó pátria!
Dos filhos deste solo és madrasta pueril,
Pátria,
Brasil!!!

Deitado eternamente em berço fétido,
Ao som do caos e à luz do chão imundo,
Figuras, ó brasil, barões da américa,
Desposam a democracia do novo mundo.

Do que a terra mais varrida,
Teus medonhos, tristes campos, têm mais dores.
Onde já teve mais vida,
Nossa vida no teu seio dissabores.

Ó pátria,
Ó pátria,
Nos salve...

Brasil, quero que mude este ar frívolo
E cante mais que as bundas e o traçado,
E que a hipocrisia desta flâmula
Não deixe o nosso “não” dilacerado.

Mas, se ergueres da justiça a clava forte,
Verás que o filho teu não fugirá à luta,
E gritará “paz” ao invés de “morte”.

Terra explorada,
Entre outras mil,
És tu, brasil,
Ó pátria,
Dos filhos deste solo és madrasta pueril
Pátria,
Brasil!!!


sei lá, deu vontade...
ps: caso não consigam visualizar o que está escrito na bandeira, perguntem ao autor, no fundo, no fundo, ele é um cara bacana... ;- )

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Uma Canção de Amor


Eu fui até o escuro
Buscar uma canção de amor,
Encontrei fadas e doendes,
Arcebispos e padres doentes.
Eu fui até o céu
Deitar na grama de seda,
Bebi da cuia de Diógenes,
Fui mais longe que todos os homens.
Eu fui até o inferno
Propagar destruição,
Constatei uma bela paisagem,
Gritei "morte e liberdade".
Eu vim até aqui
Para ver como estão os homens,
Encontei-os assim,
Parados,
Comendo;
Sentados,
Bebendo;
Molhados,
Gemendo;
Coitados,
Não sabem nada além do que lhes é mostrado.

Ah...
Mas as putas também sonham,
Mas as flores também sangram,
E os poetas...
Sim,
Os poetas também amam!!!


Eu me devia este poema...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Retrato Abstrato


Hoje eu finalmente percebi,
Eu entendi o segredo afinal,
Este mundo burocraticamente caduco
Não passa de um arranjo de antíteses.
Mas juro que não vou chorar novamente
Nem pelos anjos, nem pelos demônios,
E a menos que as rosas desabrochem
Não sorrirei nunca mais.
É preciso coragem para enfrentar um Mundo medíocre,
Mas é preciso virtude para vencê-lo,
E eu olho à minha volta
E tudo que vejo é a imoralidade do pudor.
O cinza de nossas esquinas
Transgride nossos sonhos,
Que parecem cada vez mais distantes
Aos olhos de quem não sabe existir.

Vamos viver,
Vamos mostrar,
Não tenha medo de jogar tudo pro alto.
Vamos sorrir,
Vamos chorar,
Venha comigo pra este retrato abstrato.

Chorando lágrimas de sangue,
Vertendo notas dissonantes,
Bebendo falsos diamantes,
Ainda assim
Meu coração é menor que você.
Chegando onde ninguém foi antes,
Vendendo gestos fascinantes,
Suspirando palavras importantes,
Ainda assim
Meu coração é menor que você.

A poesia enlatada que consumimos
É o nosso pior veneno,
Transcende nosso tempo,
Mata nosso espaço.
Mas juro que só chorarei novamente
Caso as rosas do meu jardim se abram,
E só vou mostrar meu sorriso bobo
Caso os anjos brinquem com os demônios.
De fato estilizo minha conduta,
Faço frio, faço vento e faço Sol,
E estou satisfeito por receber em troca
A velha marchinha de carnaval.
O cinza de nossas esquinas
Me faz querer ser palhaço,
E quanto aos nossos sonhos,
Estes eu vejo de olhos abertos.

Vamos viver,
Vamos mostrar,
Não tenha medo de jogar tudo pro alto.
Vamos sorrir,
Vamos chorar,
Venha comigo pra este retrato abstrato.

Chorando lágrimas de sangue,
Vertendo notas dissonantes,
Bebendo falsos diamantes,
Ainda assim
Meu coração é menor que você.
Chegando onde ninguém foi antes,
Vendendo gestos fascinantes,
Suspirando palavras importantes,
Ainda assim
Meu coração é menor que você!!!


Antiga, porém fundamental...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Amanheceu um novo dia




Amanheceu um novo dia,
O sol que reluz em meus olhos
Me cega bruscamente
E traduz o que sinto,
Essa melancolia dos homens
É a falta que a verdade lhes faz,
É o ápice de seu egocentrismo,
É o seu nojo ao que é lindo,
O reflexo não é mais opaco,
É simples, forte, sublime,
Como a rosa atrevida
Que fere o dedo do invasor,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto o carro passa,
Enquanto os homens passam.

E salta de minh'alma a cor lilás;
E salta de meu corpo o afago;
E salta de minhas mãos a adaga;
E salta de mim um coração.

Amanheceu um novo dia,
Meu espírito está à espera
Das promessas vãs
Distribuídas em bombons,
Esse sangue derradeiro
É o motor do que resiste,
É o meio que transcende
A importância do efeito,
Nossas crianças festejam,
Denotam nossa clara evolução,
Eu vou morar num condomínio
E traficar gás de cozinha,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto a guerra passa,
Enquanto as armas passam.

E salta de minh'alma a cor lilás;
E salta de meu corpo o afago;
E salta de minhas mãos a adaga;
E salta de mim um coração.

Amanheceu um novo dia,
Meus braços estão exaustos,
Meu sangue preto como a graxa
Que deixa meu sapato branco,
Essa paralisia sistêmica
É suave, romântica, extrema,
É a motivação do lirismo
Cansado e morto de amor,
Eu faço sexo e fumo,
Eu trabalho e faço sexo,
Eu fumo e trabalho,
De vez em quando eu até sonho,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto a vida passa,
Enquanto os passos passam.

E salta de minh'alma a cor lilás;
E salta de meu corpo o afago;
E salta de minhas mãos a adaga;
E salta de mim um coração.

Amanheceu um novo dia,
Minha camisa está molhada
Com meu suor mal retratado,
Com minhas lágrimas profanas,
Esse ideal perdido
É coisa de gente estranha,
É maltrapilho, mutilado,
É agora ideal achado,
Meu coração não quer mais saber
Do desânimo dessa gente,
Agora ele está inerte,
Sendo levado à perfeição,
Eu sorrio para o Sol,
Flerto com seus raios,
Enquanto a luta passa,
Enquanto os sonhos passam,

E salta de minh'alma uma cor lilás;
E salta de meu corpo um afago;
E salta de minhas mãos uma adaga;
E salta de mim o coração.

Amanheceu um novo dia,
Flerto com seus raios...

Enquanto eu passo!!!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Cadê???


No palco escuro de um teatro a céu aberto
Relembro a velha gramática da vida,
Normas cultas, imperativos tristes,
Carências mórbidas e mórbidos palpites.
Somos todos a mesmíssima coisa,
Cabeça, tronco, membros e panos,
Andando por aí com toda a pompa possível,
Morrendo por aí de qualquer forma plausível.
Meus olhos cansados espreitam com calma
Os filhos bastardos procurando o pai,
Os capitães do mato chicoteando lombos,
Meu navio chegando com seus vários colombos.
Mas, no fim das contas tudo vai embora,
É como um ciclo que se repete,
É como a faca que me apetece,
É como aquilo que não acontece.

O que é a vida afinal,
Se não o maior de todos os improvisos???
Uma sucessão de vícios,
Um acumulo de caprichos???
E assim descubro que não sei quem sou,
Meu capricho é o amor, meu vício é afasta-lo.
E meu improviso!!!
Cadê???

domingo, 30 de março de 2008

Flowers of Romance



"Now in the summer
I could be happy or in distress
Depending on the company
On the veranda
Talk of the future or reminisce
Behind the dialogue
We're in a mess
Whatever
I intended
I sent you flowers
You wanted chocolates instead
The flowers of romance
The flowers of romance


I've got binoculars
On top of boxhill
I could be Nero
Fly the eagle
Start all over again
I can't depend onthese so-called friends
It's a pity you need to bend
I'll take the furniture
Start all over again!!!"


(Public Image Ltd.)

José

"E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde???"


(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 25 de março de 2008

Valha-me (e do ato eu sou)


É tanto grito contido,
Tanto gesto corrompido
Nesta natureza morta.
Este Estado falido
Vive treinando o ouvido
pra escutar atráz da porta.
Já é tanto livro lido,
Tanto texto redigido,
Vejam que menina torta,
Não vai arranjar marido,
Vai viver de comprimido,
Ser enterrada numa horta.

Valha-me deus
Valha-me deus

Lido foi o relato,
O mais puro retrato
De uma sociedade morta,
A notícia de maltrato,
O "glamour" do seu sapato,
A inteligência de uma porta.
A prisão por desacato,
Comprovação, de fato,
De uma sociedade torta.
Está reunido o aparato
Pra consumação do ato
De edificar a sua horta.

Valha-me deus
Valha-me homem

A luta árdua de um plebeu
Reivindicando o que é seu
Até que a vida esteja morta
É como subir ao coliseu,
Beijar a boca de Romeu
E ir correndo até a porta.
A esperança adoeceu,
Fraquejou, quase morreu,
Acabou ficando torta,
Mas se percebo quem sou eu,
Filho pagão de um deus hebreu,
Pego os minérios de minha horta.

Valha-me homem
Valha-me deus

O homem , terno recusou
Endiabrado, te acusou
De deixar a luta morta,
O mundo inteiro então dosou
O que a menina então usou
Como sendo uma outra porta,
E a menina abusou,
Feriu e arrasou
Esta humanidade torta,
E ela disse então "eu sou
A única que ousou
Ser parte da própria horta".

ido-ato-eu-sou
e do ato eu sou

Valha-me homem
Valha-me homem!!!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Saudades!!!

Mas é tão simples,
A lágrima que escorreu hoje já não me incomoda,
Peço desculpas à lua

E a esse mar de gente que navega lá fora.
Meu teto tem as cores do céu,
Minhas paredes tem as cores das árvores
E formam um belíssimo quadro
Pintado pelos dedos de um deus pagão.
Sei que há a água da chuva
Também sei que há o riso dos ventos,
Contesto o sopro leve da vida
Sendo tão anticonvencional.
Me jogo do alto de algo invisível,
Me sinto livre ao voar pelas nuvens,
A risada de alguém bem mais belo
Também me faz sorrir.
Eu queria que o mar soubesse
Que penso nele a cada instante
E sinto ele a cada instante
E nele faço casa, faço civilização.
E agora que não tenho mais nada
Sigo a simples trilha de sonhos perdidos
Até achar um abrigo bem quente
Dentro do peito de um passarinho,
Dentro dos beijos de um amor,
Dentro das palavras de um amigo.
Enfim,
Bem lá no fundo, perdido,
Encontro agora um pouco de mim!!!

poema escrito há um tempinho e achado agora, perdido... queria me achar tbm e lendo esse poema surge a pergunta... onde foi que me perdi???
saudades de mim!!!

...

Como é bom ouvir sua voz
Como é bom saber que você está bem
Toda noite lembro de ti
Não consigo dormir e choro de forma compulsiva e disfarçada
Quisera eu ter metade de tua força
Metade de tua capacidade afetiva
Quisera eu conseguir demonstrar tudo que sinto por você
Eu te amo!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito tumor!
Malditos tumores!
Maldito!!!


perdoem a aparente falta de nexo...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Diante do Escuro



Quando meus olhos se prostraram diante do escuro
Pude ver como é nítida tua imagem,
Pude ver como são escuras suas lágrimas
E perceber como é triste sua deselegância.
Eu não consigo mais me achar,
Dar socos na parede não levam a nada,
E de repente lembrar, angustiado,
Como é triste a solidão.
As fábricas fazem tanto barulho,
A sociedade reza a missa de segunda a sexta
E eu ainda me emociono ao comparar
O laço da gravata com a roupa xadrez.
Ah, se todos os homens chorassem,
Ah, se todos os homens lutassem,
Mas eles não choram,
Mas eles não lutam.
Eles reclamam das vestes
E satirizam como se tivesse alguma graça,
Esperam que o decote da vedete caia
Pra depois reclamar da nudez...

Quando meus olhos se prostraram diante de ti
Pude ver como são nítidas suas lágrimas,
Pude ver como é escura sua deselegância
E perceber como é triste me achar.
Eu não consigo não levar a nada,
Dar socos na parede, angustiado,
De repente lembrar da solidão
E como é triste tanto barulho.
As fábricas com suas missas de segunda a sexta,
A sociedade reza ao comparar
E eu ainda me emociono com a roupa xadrez,
Enquanto o laço da gravata chora.
Ah, se todos os homens lutassem,
Ah, se todos os homens chorassem,
Mas eles não lutam,
Mas eles não vestem.
Eles reclamam como se tivesse alguma graça
E satirizam o decote caído da vedete,
Esperam que vire nudez
Pra depois reclamar do escuro...

Quando meus olhos se prostraram diante do escuro,
Quando meus olhos se prostraram diante de ti,
Quando meus olhos se prostraram diante de mim,
Eles não conseguiram fitar mais nada!!!